era uma vez cerca de 40 comunidades indígenas e quilombolas. elas ocupavam quase 60 mil hectares de terras. viviam felizes e em sinergia com a natureza. tudo que era extraído, era devolvido à terra como era de direito. as matas eram habitadas por animais. havia plantações de várias culturas. feijão, mandioca, batata doce, laranja... os rios e córregos eram limpos e os peixes eram abundantes. praticamente viviam da subsistência. levavam uma vida tranqüila até a chegada do tão esperado progresso.
aí a história começa a adquirir ares dramáticos. triste mesmo. de chorar. o progresso chega com o nome de Aracruz Papel e Celulose. utilizando dos métodos mais escrotos, conseguem comprar algumas terras de quem morava no local. os guerreiros que resistiam eram oprimidos por capangas, quase sempre armados. as promessas eram muitas. de que a empresa iria trazer o desenvolvimento para todos. aliás, seriam contratados para trabalhar na empresa.
mas isso não aconteceu, como é muito comum no capitalismo. alguém tem de perder, para outros ganharem. foi isso que aconteceu. a empresa começou a plantar seus desertos verdes de eucaliptos. as matas acabaram. os rios e córregos ficaram poluídos. a natureza começou a sofrer com a gravidade da agressão. sobrou para os moradores, que perderam suas fontes de viver. a aracruz cresceu. começou a lucrar ainda mais e se transformou em dos maiores [senão o maior] exportadores de celulose para o mercado europeu.
só que se esqueceram que seres humanos foram prejudicados pelo progresso. a terra deixou de dar o que dava antes. o sonho de trabalhar contratado ruiu. perderam a principal fonte de renda. e se tornaram escravos da destruição imposta pela aracruz. para quem se preocupa com o meio ambiente, essa pequena história é contada no documentário "Cruzando o Deserto Verde", que tem a direção de Ricardo Sá. é deprimente e emocionante acompanhar os depoimentos das pessoas.
o vídeo pode ser visto pelo youtube. são seis parte, mas apenas cinco delas estão disponíveis. infelizmente. mas vale muito a pena ver. mesmo que sem os minutos finais. porque a história é chocante e demonstra não só o descaso das transnacionais que inundam o Brasil, como também o descaso do Estado com questão que deveriam ser, pelo menos, lembradas. imaginar que isso se torne uma discussão nacional, com direito a interação com a sociedade, é utópico. é necessário admitir.
enquanto pessoas de bem são escravizadas e têm suas vidas praticamente estragadas, a aracruz se gaba de ser uma das maiores empresas do mundo de papel e celulose. mesmo que para isso degrade o patrimônio nacional na maior cara de pau. impunidade notória. é de chorar muito. não existe muitas saídas para o capitalismo, mas que ele é predatório e inconseqüente, isso é fato. a destruição daqui, é dinheiro para os poderosos. com direito a recorde e tudo o mais.
-----------------
clique nos links abaixo e assista o documentário 'Cruzando o Deserto Verde', idealizado pelo Movimento Alerta contra o Deserto Verde. cada parte tem cerca de 8min. a qualidade do vídeo não é das melhores, mas é possível assistir muito bem. para quem tiver paciência, e estômago, não se incomode com a revolta. ela faz parte e é fundamental.
parte 1 / parte 2 / parte 3 / parte 4 / parte 5 / parte 6
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário