27.8.08

manifesto[do otário]sobre trabalho

o otário pegou um texto para uma revista mensal da editora agosto[de deus]. ele elaborou a pauta primeiro. um parceiro havia lhe colocado no fechamento daquela edição. gente fina, lutou para conseguir um trocado maior para o otário. depois de aprovada a pauta sobre os jogos olímpicos da hipocrisia para a revista, daquelas que são criadas com o intuito de vender anúncios, mas que são empurradas como a salvação em termos de grade de programação.

uma pauta enviada. e a graça alcançada pelo otário. 30% de aumento. a pauta bem feitinha deve ter chamado a atenção de quem comanda a grana. comoveu o pessoal da editora agosto[de deus]. o otário então fez tudo bonitinho. ficou contente quando aprovaram uma sub em que explicava a situação dos monges que apanhavam dos comandantes do país vermelho. comunistas. tudo foi enviado rapidinho, no prazo estipulado. o intermediário foi o amigo, que saiu de cena.

ficou então a negociação para receber o cascalho pela sua dedicação, que o otário admitiu não ter sido tão complicada manter. foi até um mel na chupeta. como o amigo havia prevenido, quando o otário falou sobre suas inseguranças e a possibilidade do trabalho ser infinito. a lei da mais valia é constante, ainda mais na editora agosto[de deus], com seus programas de trainee, iludindo e inutilizando para o bem uma geração de pessoas que poderiam ajudar mais os seus iguais.

receber o que lhe era de direito não foi tão fácil, como havia sido nas outras vezes que gastou tempo trabalhando por lá. da primeira vez que ligou para a secretina hipócrita da editora agosto[de deus] sabia que tinha ultrapassado o prazo. ela perguntou ao otário se gostaria que ela conversasse com o rh da editora agosto[de deus] para 'dar um jeitinho' na situação. o otário, como todo bom otário, disse que não. que "sabia que estava fora da regra do sistema deles".

afinal, descobrir que poderia receber o levado pelo préstimo de seu trabalho somente 53 DIAS [1 mês e 21 dias, ou sete semanas] após o término dele não seria o problema. o otário então foi até a sede da editora agosto[de deus]. assinou os papéis e confirmou que só receberia o levado no dia estipulado, ao término dos 53 DIAS. o otário acreditou e se programou em cima disso. passados os 53 DIAS nada do cascalho cair na conta. o dinheiro acabando, e nada da grana cair.

foi então que o otário resolveu ligar para a secretina, o diálogo foi o que se segue:
— alô. quem fala? sou o otário, secretina. fiz um freela para a revista da editora agosto[de deus] e, pelo que anotei no dia que assinei os papéis era para ter caído hoje, e nada.
— ah, otário. sei. me passa o seu cpf. tá. agora passa um telefone, eu te ligo. obrigada.
tu, tu, tu, tu, tu...

o dia se passou, o otário gastou o dia preocupado, sem aproveitar o tempo livre conquistado após 18 dias seguido cobrindo da redação [da outra marginal] os jogos olímpicos da hipocrisia. precisava do dinheiro para comer. não que estivesse passando fome. mas gostaria de curtir aqueles dois dias. dias de gozo e tesão pelo sol. queria registrar o céu.

no dia seguinte, logo cedo, 9h47:
— alô, secretina. sou o otário de novo. tô ligando para...
— nossa, otário. eu nem te liguei ontem, né? tava maior correria aqui.
— sei. e...
— olha, eu tava olhando aqui com o rh e o seu pagamento está previsto para daqui 15 DIAS. a minha diretora só aprovou a conta depois do prazo e...
— e eu vou receber o meu levado só depois de 69 DIAS que eu entreguei tudo? pôxa, se eu soubesse que meu pagamento não iria cair nesse dia, não teria ido ai na sede da editora agosto[de deus] no meio daquela chuvarada toda que caiu em são paulo.
— é mas...
— quando eu estava fora do prazo, eu mesmo assumi que tudo bem, que não poderia ter ido mesmo assinar os papéis por conta de uma gripe, e que não havia problema algum receber 53 DIAS depois. mas me programei pra isso. e agora você me diz que sua diretora não assinou...
— mas é coisa do sistema aqui. não vai dar pra mudar. mas eu vou mandar um emeio pro rh agora, perguntando sobre o que pode ser feito e te dou um retorno.
— tudo bem. mas por favor, teria como REALMENTE me retornar, porque eu preciso me organizar, descobrir de onde eu posso tirar dinheiro? sou otário, mas não sou burro.
— pode deixar que eu retorno. tchau
— tchau.

passadas 2 HORAS:
— alô, otário?
— é ele.
— é a secretina, tudo bem? acabei de receber um emeio agora do rh e eles anteciparam o pagamento para o dia 5.
— tudo bem.
— então tudo bem.
tu, tu, tu, tu, tu...

24.8.08

equipamento[de monstro]

tenho me aventurado na arte da fotografia. meu equipamento ainda é modesto, mas também não é pouca coisa. um corpo da canon, três lentes, um flash e um tripé. com isso, se fosse bom para caralho [com bastante estudo e experiência], já conseguiria fazer de [quase] tudo. mas pra's olimpíadas de pequim eu não poderia ter ido. ha ha ha.

olhem só a quantidade de equipamento que o fotógrafo de nova iorque, vincent laforet, levou pra pequim. agora dá para entender um pouco do porquê que uns lambe-lambes cabulosos conseguem extrair o máximo do momento e registrá-lo no filme, ou no ccd.

nada de inveja, muito pelo contrário. é só admiração mesmo.
tem mais imagens aqui.

16.8.08

do [irritante] metrô...

... nos vagões, as pessoas costumam comentar sobre poucos assuntos:

ou falam da vida dos outros, ou falam sobre dinheiro ou metem o pau no trabalho.

— e você, fala sobre o quê?
— eu não falo. escuto o que entra sem pedir, mas prefiro um bom reggae.

no melhor estilo usain bolt.

14.8.08

me recuso

todas as manhãs tenho de escolher a quantidade de realidade que vou encarar naquele dia. pelo menos até o momento em que as responsabilidades estejam completadas, e a régua já tenha sido passada. a cada pílula de 'veneno da verdade' ingerida, mais absurdo e incoerente o mundo parece, como o ser humano, ser. a vontade de se dar melhor que a pessoa ao lado, a qualquer custo, acaba refletindo. no dia. o próximo que se foda.

a verdade não é tão legal assim, não por acaso que os publicitários conseguem cada vez mais manipular os desejos e as necessidades reais. a publicidade só funciona para vender. na hora de educar ela é falha. um cartaz indicando que você não pode beber, e se beber não dirija, não consegue se impôr diante das bundas que estimulam o consumo da bebida, por exemplo. o objeto pouco importa. da mesma forma que o bem-estar de quem esteja ao lado importe menos. ainda.

vou tentar maneirar nas doses de veneno... senão fica complicado encarar a realidade da maioria. e é nesse plano que pretendo ficar por uns tempos. descer ao fundo da piscina e depois retomar as braçadas valorizando o fôlego e a respiração conquistada.

mas eu prometo que me recusarei a aceitar a decisão.

12.8.08

8.8.08

proporções[cabulosas]

a rotina mudou de repente e a memória passou a funcionar de maneira diferente. lembranças antigas, do tempo em que nem sabia direito o que seria a vida [não que agora eu tenha absoluta certeza disso]. início de relações que perduraram firmes na vida. pessoas que passaram por experiências tão cabulosas, dolorosas, agressivas... mas tudo na proporção certa. no momento da crise, as coisas podem parecer monstros que não existem na verdade. apenas assombram. basta não se entregar.

5.8.08

olha ela ai!

finalmente, a chuva caiu!