7.9.06

por fim

ele caminhou pela sala, que clareava conforme o alvorecer da manhã aparecia. magnífico. tirou os sapatos com prazer. ainda no corredor que levava à sala. seus pés doíam do dia na fábrica de baralhos. comandava uma das máquinas de corte o dia todo. pega a folha com as cartas impressas, coloca sobre a bandeja, puxa a alavanca e desce o navalha. 12 horas por dia, uma hora para almoçar.

entrou no banheiro, observou seu rosto magro. olhos fundos e negros. um sujeito normal numa cidade grande. industrial. cinza pela fumaça incessante das fábricas. pensou no dia que teve. agradeceu olhando em seus próprios olhos. como se acreditasse em tudo aquilo que pensava. funcionava, afinal tinha ainda paciência de agüentar a falta de amor.

decidiu que seria o dia. teve a sensação. e em seguida a idéia, ali, em frente ao espelho. olhando nos olhos. com a idéia fixa na cabeça, fechou a torneira. secou o rosto com a toalha... deitou-se ao lado da esposa, que dormia pesado. passou a mão nos negros cabelos dela. virou de lado, pensou no amanhã, e quase sorriu. sabia que não tinha mais volta.

a liberdade.
adormeceu feliz.

2 comentários:

Anônimo disse...

... vai entender.

Luma Rosa disse...

Liberte os pensamentos e sonhe!!
Transgredir a segunda-feira, a gente pode em pensamento! (rs*)
Boa semana! Beijus